É sempre maravilhoso reunir-se com familiares e amigos, em um clima de carinho e descontração.
Uma festa se torna uma oportunidade perfeita para relaxar, sair com os seus entes queridos e aproveitar os deliciosos comes e bebes! Betsy Davis, seguindo essa lógica, decidiu fazer uma festa para sua família e amigos mais próximos, em um fim de semana de julho de 2016. A festa aconteceria em uma casa no sul da Califórnia. Cerca de 30 pessoas foram convidadas.
O convite foi um pouco estranho e os convidados ficaram bastante curiosos. Alguns convidados relataram que as circunstâncias eram diferentes de qualquer outra festa que eles já haviam ido antes, pois de antemão era exigido resistência emocional e abertura. A anfitriã tinha uma regra que não podia ser quebrada por nenhum de seus convidados: sem chorar na frente dela!
Betsy, que tinha 41 anos na época, tinha sido diagnosticado com ALS – também conhecida como doença de Lou Gehrig (ou esclerose lateral amiotrófica). Infelizmente, a doença afeta as células nervosas do cérebro e a medula espinhal, e não tem cura.
Isso significa que seu corpo estava desligando-se lentamente – Betsy perdia o controle muscular pouco a pouco. Por causa disso, ela queria que todos os seus entes queridos estivessem reunidos em uma reunião final na qual ela diria adeus.
E era isso que eles não sabiam: ao final da festa, Betsy planejava tomar uma dose letal de drogas (ela foi a primeira californiana a fazê-lo, pois no país o suicídio assistido é legal em casos de doenças degenerativas).
Foi uma festa incrível, cheia de diversão e risada. Durou 2 dias inteiros e todos os convidados se divertiram muito. Eles estavam felizes por estar lá e poderem mostrar seu amor e apoio a Betsy, que passou por momentos extremamente difíceis desde o diagnóstico. Havia música, exibições dos filmes favoritos da Betsy e até mesmo a pizza do seu lugar favorito. Todos queriam que ela se sentisse especial.
Eles não poderiam adivinhar o plano sinistro de Betsy. O que ela estava prestes a fazer não atravessou nenhuma das suas mentes. Betsy iria dar um desfecho final; ela iria se suicidar!
Betsy era uma pintora e seu espírito artístico quis realizar um último ato.
Como a condição dilapidou o seu corpo, a artista preparou uma performance final para si mesma. O estado da Califórnia acabara de legalizar o suicídio médico-assistido. Isso significava que os pacientes terminais seriam autorizados, se assim o quisessem, a tomar uma dose letal de drogas.
Estas se aplicavam a pacientes que queriam que suas vidas chegassem ao fim, que desejassem acabar com a dor e o sofrimento. A Sra. Davis se tornaria a primeira californiana a aproveitar a nova lei estadual.
Devido à sua condição, o discurso de Betsy foi difícil. Ela precisava da ajuda de seus cuidadores para traduzir seu discurso para os convidados. Felizmente, ela ainda tinha a capacidade de rolar sua cadeira de rodas ao redor da casa. Isso deu a ela a oportunidade de se misturar e passar tempo com os convidados da festa. Ela conseguiu interagir qualitativamente com cada um deles.
Uma das idéias da sua festa era que cada convidado levariam uma “lembrança da Betsy“. Os convidados poderiam escolher dentre uma grande variedade de objetos, incluindo obras de arte, acessórios e produtos de beleza. A irmã de Betsy foi a responsável por escrever notas sobre cada um dos objetivos, explicando a importância deles para a Betsy.
Um de seus convidados era Niels Alpert, que trabalhou como diretor de fotografia da NYC. Na festa, Neil aproveitou a oportunidade para capturar cada momento. As fotos utilizadas nessa matéria são de autoria dele.
Niel disse que para ele e para todos os que foram convidados, foi muito desafiador considerar a ideia da despedida, mas não havia dúvida de que estariam lá para a Betsy. Eles sabiam que esses eram os últimos momentos dela, e que era importante despedir-se com muito amor.
Neil disse que, por trás da diversão, dos sorrisos e risadas, todos tinham conhecimento de que esse era o último final de semana da vida dela, portanto mobilizaram-se a ajudar no que fosse possível. No caso de Neil, ele se responsabilizou pela eternização do momento.
Quando o final de semana finalmente chegou ao fim, todos os convidados se reuniram para uma fotografia final. Eles sabiam que era hora de dizer adeus a sua querida amiga. Os convidados se despediram, dentre abraços apertados e suspiros longos.
Betsy, então, se dirigiu para uma cama de dossel. Ela estava vestida com um lindo quimono que comprara no ano de 2013, após o diagnóstico. Do seu ponto de vista, Betsy conseguiu desfrutar de um pôr-do-sol glorioso. Essa era a última que ela veria, e era simplesmente espetacular.
Por volta das 6:45 p.m., ela tomou a combinação letal de drogas prescritas por sua médica. Seu cuidador, seu médico, sua terapeuta de massagem e sua irmã estavam ao seu lado. Eles ofereceram todo apoio na tomada dessa decisão incrivelmente corajosa.
Betsy foi tão, tão corajosa!
Ela faleceu quatro horas depois. Seus amigos disseram que ficaram impressionados com a forma como ela assumiu o controle dos seus últimos dias e fez deles uma obra de arte. Ela planejou tudo de forma meticulosa e, como resultado, teve a morte mais bonita que qualquer pessoa poderia ter desejado. Com uma história tão incrível, não é surpresa que as pessoas em todo o país tenham sido tão tocadas pela vida e a morte de Betsy Davis.