Pessoas se unem e compram mercadoria de ambulante que seria apreendida

Hoje em dia, vemos tantas notícias trágicas e tristes que até deixamos de acreditar que existe bondade no mundo.

Porém, são casos como o que aconteceu na cidade de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, que enche nossos corações de esperança e nos fazem acreditar novamente na humanidade.

Na última quarta-feira, policiais militares, guardas civis e fiscais da prefeitura cercaram um homem que carregava caixas de isopor contendo sucos e salgados no meio de uma praça da cidade. O homem de avental branco foi informado pelos agentes que toda a sua mercadoria seria apreendida, pois ele não tinha autorização para vender os produtos.

Leonardo Ferreira Soares, de 44 anos, ficou visivelmente abalado. Ele, que está desempregado, depende integralmente da venda dos produtos para sobreviver. Inconformado com a situação, um homem que passava no local ignorou a presença dos agentes da prefeitura e estendeu uma nota de 2 reais, afirmando que queria comprar um suco. O que aconteceu em seguida foi uma linda demonstração de solidariedade.

Todos que estavam em volta começaram a comprar os produtos de Leonardo, que ficou extremamente emocionado com essa atitude. Em poucos minutos, todos os produtos haviam sido vendidos. Toda a ação foi filmada.

“Juntou umas 30 pessoas em volta de mim. Algumas só queriam me ajudar. Teve gente que me deu nota de R$ 10 e nem pegou nada. Eu fiquei chorando de emoção e também passei a distribuir os sucos e salgados para quem não tinha me dado nada”, disse Soares em entrevista à BBC Brasil.

Leonardo afirmou que tinha ido à praça naquele dia no intuito de conseguir R$100 para comprar um botijão de gás para a sua casa.point 105 | Com uma perna quebrada em dois lugares (tíbia e tornozelo), ele diz caminhar mais de uma hora de sua casa até a praça todos os dias para vender seus produtos.point 234 |

“O que fizeram comigo foi desumano.point 36 | Parecia que eu era um ladrão.point 60 | Eu fiquei só chorando”.point 80 | Além de tentarem apreender a mercadoria, os agentes queriam levar o isopor, as bandejas e o carrinho de ferro que ele usa para transportar os produtos.point 206 | 1

Leonardo disse ainda que vende seus sucos e salgados no mesmo local desde que ficou desempregado, há mais de quatro anos, e essa foi a primeira vez que os agentes tentaram confiscar a mercadoria.

Apesar de seus produtos serem muito variados – sucos de acerola, laranja, umbu e siriguela; bolinhos de mandioca recheados de carne, frango e bacalhau –, na geladeira de Leonardo quase nunca há fartura: “Eu já comi arroz puro porque não tinha mais nada.point 379 |

Numa situação dessas e ainda queriam apreender até meu carrinho, meu instrumento de trabalho.point 80 | Minha vontade era apenas trabalhar para poder ter água e luz na minha casa.point 142 | Se eu tivesse um emprego registrado, seria muito melhor do que ter de passar por isso”.point 220 | 1

O ambulante afirma ainda que está com medo de voltar a trabalhar e passar pela mesma situação: “Hoje, eu sentei na cama e fiquei chorando porque não sei o que fazer. Tenho medo de voltar lá e passar esse constrangimento de novo. Eu não trabalho como ambulante por opção. Eu trabalho porque não tenho o que fazer. Com certeza, trocaria por qualquer outro emprego”.

Esse exemplo de solidariedade repercutiu nas redes sociais. Em apenas uma postagem, o vídeo que mostra a população comprando a mercadoria de Leandro teve mais de 6 milhões de visualizações.

Em outro depoimento, Leonardo disse que se sentiu protegido quando a população veio lhe ajudar: “Eu achei que eu estava sozinho, na hora que ele apreendeu meu carrinho, eu fiquei triste, comecei a chorar. Mas quando vi a população chegando perto e acolhendo a gente, eu senti realmente que estava protegido”. Veja abaixo:

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