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“Nasci para ser mãe”, diz pastora trans que adotou menino com necessidades especiais e menina trans


Alexya Salvador, de 36 anos, é pastora da Igreja da Comunidade Metropolitana e também uma mulher transgênero.

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Isso significa que Alexya nasceu homem, mas sempre se viu como mulher.

Há 8 anos, ela se casou com Roberto Salvador Junior e hoje é uma orgulhosa mãe de duas crianças: Gabriel, de 11 anos, e Ana Maria, de 10, ambos adotivos. Porém, para conquistar seu espaço e criar uma linda família, sua jornada não foi nada fácil.

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O desejo de ser mãe partiu de Alexya, mas o marido logo foi convencido e ambos se prepararam por sete anos para entrar na fila para adotar. Quando visitaram um abrigo em Mairiporã-SP, cidade natal de Alexya, os dois logo se apaixonaram por uma das crianças de lá. Gabriel estava sozinho e isolado das outras crianças, pois possuía necessidades especiais. Naquele momento, ambos sabiam que era ele, que aquele era o filho que eles procuravam.

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O casal então entrou com o processo de adoção, algo extremamente raro de acontecer a uma mulher trans. Alexya é, na verdade, a primeira mulher trans que se sabe que pôde gozar do direito da licença-maternidade e adotar uma criança.

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E a luta não acabou ai. Depois de ter o pequeno Gabriel nos braços, o casal decidiu que queria outro filho, e dessa vez seria uma menina trans. Alexya queria dar a ela todo o amor, carinho e compreensão que crianças trans não recebem dentro de casa, já que muitas vezes são incompreendidas.

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E o pedido do casal logo foi atendido. Alguns meses depois, uma juíza de Jaboatão de Guararapes, em Pernambuco, entrou em contato com Alexya, alegando que havia uma criança que eles não tinham certeza se era transgênero ou não. Porém, assim como a pastora, ela também havia nascido menino, mas se identificava com o gênero feminino.

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Durante três meses, ambas conversaram por telefone, WhatsApp e Skype. Demorou algum tempo até que Ana Maria se abrisse com ela, mas um dia ela disse: “Mainha, tenho uma coisa para te contar. Eu não sou um menino, eu sou uma menina. A senhora vai me amar mesmo assim?”, contou Alexya.

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E foi assim que a pastora correu até Pernambuco para visitar a garota. Em um encontro lindo e de derreter corações, Alexya também soube que ela era sua outra filha, a que sempre esteve procurando.

Mas, engana-se quem pensa que essa história termina com a adoção das duas crianças, já que o casal ainda planeja adotar mais uma criança trans. Embora não tenha entrado em detalhes, Alexya disse já saber de outra criança trans em um abrigo e que sabe que eles muitas vezes acabam sendo devolvidos por pura incompreensão.

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Nasci para ser mãe. Além de ter nascido para ser filha, esposa, pastora, vou ser a primeira reverenda trans da América Latina, eu nasci para ser mãe. É poder experimentar o melhor da vida, dar voz, ensinar, corrigir… Se Deus inventou algo melhor que ser mãe, ele guardou para ele. Quero encorajar todas as pessoas transgêneras que desejam ser pai ou mãe. É possível sim. A família transafetiva existe”, disse a pastora sobre sua trajetória.

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Fonte: NLUCON