A violência sexual contra as mulheres ocorre regularmente nos transportes públicos.
No México, nove em dez mulheres são assediadas sexualmente no metrô. O país, então, decidiu lançar uma grande campanha para aumentar a conscientização dos usuários.
O vídeo pode fazer você rir, mas a mensagem é muito séria. Para combater a violência sexual sofrida pelas mulheres durante as horas de pico, o metrô da Cidade do México lançou a hashtag #NoEsDeHombres e elaborou uma intervenção no mínimo impactante.
Neste vídeo, podemos ver um assento de metrô moldado a partir do corpo de um homem, com um pênis. Em cima do banco, o aviso: “Exclusivo para homens”. Debaixo dele, o texto: “É ruim viajar aqui, mas não se compara com a violência sexual que as mulheres sofrem nos seus deslocamentos cotidianos”.
https://www.youtube.com/watch?v=0p5pp1pcOPs
A fim de lutar contra a violência no transporte público, vários países estão tentando encontrar soluções para promover maior conforto para as passageiras, e alguns inclusive construíram espaços dentro dos metrôs exclusivamente para o uso feminino.
Esta solução foi adotada em muitos países fora da União Européia, especialmente em países emergentes. No Egito, um país em que 99,3% das mulheres afirmam ter sido vítimas de esfregões e de outras formas de assédio durante seus deslocamentos cotidianos, o governo decidiu separar homens e mulheres em diferentes espaços/vagões. No caso do Japão, trens cor de rosa foram instalados para uso feminino durante as horas de pico.
Londres tem considerado esta possibilidade há vários anos, mas enfrenta a oposição de defensores da igualdade que sugerem que as mulheres não devem ser marginalizadas no espaço público, e que a medida não ensina de fato o respeito mútuo, apenas segrega as pessoas pelo gênero como uma forma de ”castigo”.
Mas não se engane: países europeus também apresentam índices de assédio muito altos! Na França, por exemplo, cerca de 90% das mulheres afirmam ter sido vítimas de violência sexual nos transportes públicos.
No caso do Brasil, houve um caso bastante recente que chocou a opinião pública e que reverberou negativamente pelas redes sociais.
Em setembro deste ano, Diego Ferreira de Novais foi preso em flagrante após ejacular (!) em uma mulher dentro de um ônibus, em São Paulo – o homem já havia sido acusado de pelo menos 16 outros crimes sexuais.
Apesar de tudo, Novais foi liberado pela Justiça, pois considerou-se que se tratava de um crime de menor potencial ofensivo, e foi indicado que ele precisaria de tratamento psiquiátrico.Todo esses acontecimentos, no entanto, serviram para trazer à pauta a discussão sobre as lacunas em branco deixadas pela legislação brasileira no que tange às diferentes formas de violência contra a mulher.
Afinal de contas, foi legalmente inferido que um jato de esperma no pescoço de uma passageira não poderia ser considerado um constrangimento e muito menos uma agressão, e o sujeito responsável pelo crime foi liberado.E casos assim, de impunidade e inadequação legal, contribuem para a manutenção de uma cultura de abuso – poucos dias depois do caso de Novais, um novo relato revoltante de assédio no metrô de São Paulo foi divulgado: um passageiro apalpou os seios da mulher que estava sentada ao seu lado, e depois negou tê-lo feito.
A questão, portanto, tem um viés estrutural, imbricado na cultura da nossa sociedade, que objetifica as mulheres e impedem-nas de viver com dignidade e confiança.
Medidas como a da Cidade do México devem complementar outras formas de combate à violência como, por exemplo, reformas legislativas, educação cívica e sexual básica nas escolas e maior equipamento de denúncia dentro dos transportes públicos.E você, o que acha dessa campanha de conscientização? Dê-nos a sua opinião nos comentários e compartilhe com seus amigos!