Creepy.
Do inglês, que causa arrepios, estranho, perturbador.
Nos Estados Unidos, em estados como Louisiana, Colorado e Arizona, há famílias radicalmente cristãs que praticam rituais em que filhas juram castidade a seus pais. Essas cerimônias são chamadas de Purity Balls (algo como “bailes da pureza”, em tradução literal).
David Magnusson, fotógrafo sueco, registrou uma dessas cerimônias em que meninas prometem aos seus pais que permanecerão virgens até o casamento. Em troca desse juramento, os pais prometem proteger a pureza e a castidade de suas filhas. Em algumas cerimônias, utiliza-se inclusive uma aliança de compromisso, o que causa estranheza em muitas pessoas.
Quando Megnusson compartilhou as fotos tiradas na internet, houve reações diversas. Há quem encoraje esse tipo de cerimônia, há quem respeite, há quem não tenha uma opinião formada e há aquelas pessoas que simplesmente detestam esse tipo de prática, porque vêem em cerimônias assim a perpetuação do controle masculino sobre os corpos femininos e a cultura da repressão sexual.
Jenna Clark, de 11 anos, e o pai, Jeff, no Arizona
Erin Hope Smallwood, de 13 anos, e seu pai, Jay, na Louisiana
Magnusson conta que, antes de visitar essas regiões, imaginou ”encontrar esses pais americanos cheios de medo, sentados na entrada de casa com seus revólveres, tentando proteger a honra da família”. Ele queria saber “por que eles fazem isso e, conforme fui me informando mais, entendi que eles só querem o melhor para suas famílias. Em muitos casos, são as próprias meninas que pedem para ir a um Purity Ball“.
Jay Smallwood, retratado acima com a filha, Hope, disse a Magnusson:
“Tanto eu como minha mulher fizemos escolhas erradas quando éramos jovens, e nossos filhos sofrem as consequências dessas escolhas. O Purity Ball foi uma oportunidade de prometer à minha filha que ela não vai cometer os mesmos erros que eu”.
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Grace Kruse, de 14 anos, e o pai, Gary, no Colorado
Para Antonio Sa, de Colorado Springs, retratado acima com as filhas Laila, de 7 anos, e Maya, de 5, a cerimônia do Purity Ball serviu como um marco de união com as meninas. “Quando eu era jovem, fui um por caminho que teve graves consequências para mim. Eu sabia que não merecia ser pai. Mas, apesar de Deus saber das minhas limitações, ele me confiou a vida destas duas meninas”, afirma.
Nicole Roosma, de 17 anos, com o pai, Will, no Arizona
Magnusson revela que a intenção de seu projeto foi dar voz aos diferentes indivíduos que participam dos Purity Balls, pessoas que geralmente não são levadas a sério pelos outros e têm suas atitudes interpretadas com preconceito e intolerância.
Gary Kruse, acima fotografado, conta que “décadas atrás, quando uma mulher queria ser engenheira ou diretora de uma empresa, as reações eram de desprezo e ela tinha que se conformar em ser outra coisa.
Acho que isso era uma distorção de sua pureza: ela não podia usar seus talentos.Não quero que isso aconteça com nenhum dos meus nove filhos.
”Ele acrescenta: “Preferia que o Purity Ball fosse chamado de ‘Baile de Pai e Filha’ porque, para a nossa sociedade, a pureza é sempre associada com a sexualidade de uma garota. Mas é uma parte importante de sua feminilidade, não tudo. Para mim, pureza é deixar meus filhos aflorarem da maneira que estão destinados e não deixá-los simplesmente seguir a imagem que outras pessoas constroem para eles”.
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Nicole Roosma, de 17 anos, foi fotografada com o pai, Will, e conta que o Purity Ball foi uma maneira de se relacionar com ele de uma maneira diferente.
“Nunca conversamos muito sobre esse assunto, mas naquela noite falamos e senti que ele confia mais em mim. Isso foi muito especial para mim”, afirma. “Na nossa cultura, tudo está relacionado ao sexo, então é difícil para alguém da minha geração cumprir com uma promessa como essa.”
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Já Rose Smoak, de 16 anos, da Louisiana, completa dizendo que sua decisão de se manter virgem não é bem aceita nem incentivada pela sociedade em que se encontra, muito menos por outros jovens da sua idade.
Miranda Heckert, de 13 anos, com o pai, Jody, no Arizona
Quando Magnusson expôs as fotos tiradas por ele em Estocolmo, na Suécia, em 2014, enfrentou protestos e pedidos de boicote.
Ele conta que, apesar dos suecos se considerarem abertos a novas culturas, a recepção de seus concidadãos o decepcionou.
Magnusson, através de seu projeto, disseminou informação e conscientizou os suecos e outras pessoas de fora a entenderem um pouco mais sobre essas cerimônias.Apesar de muitos Purity Balls serem organizados pelas próprias mães das meninas, o formato pai e filha foi adotado para incentivar os homens a ter um papel mais significativo nas vidas das garotas.
David Clampitt, retratado ao lado da filha Jamie, de 13 anos, contou ao fotógrafo que sabia que as imagens seriam polêmicas e, em alguns lugares do mundo, mal recebidas, mas ao mesmo tempo se sentiu orgulhoso de poder mostrar suas crenças com dignidade.
E então, o que você acha de cerimônias como essa? Esse assunto é polêmico, mas você tem alguma opinião sobre ele? Se você gostou ou se interessou por esse artigo, compartilhe-o com seus amigos e comente abaixo as suas opiniões. Para seguir nossas publicações, é só curtir a nossa página no Facebook :)