A vida do cearense Ciswal Santos, de Juazeiro do Norte, nunca foi fácil.
Ainda na adolescência, começou a trabalhar para ajudar a mãe, Valdenora, que trabalhava como faxineira, a pagar as contas. No entanto, sua inteligência e esforço o colocou na faculdade de física aos 16 anos, mas o que ganhava trabalhando no mercado (cerca de R$20 por semana) não era o suficiente para pagar por suas apostilas e livros.
Foi então que decidiu catar latinhas nas ruas e usar esse dinheiro para poder comprar os materiais necessários para a faculdade. A tarefa era árdua e Ciswal chegou bem perto de desistir, mas recebeu a ajuda do dono de um bar:
“Me senti um nada e chorei. Contei a ele o motivo, ele colocou a mão no meu ombro e disse que eu não precisava me envergonhar e que não era mais para ir lá tão tarde, e sim usar o tempo para estudar mais, porque ele guardaria as latinhas para eu pegar pela manha”, relatou em entrevista ao G1.
Com perseverança, ele conseguiu concluir os estudos e se formou como professor de ciência da computação. Além de dar aulas, também criou um equipamento capaz de reduzir o consumo de energia elétrica de casas de 4 pessoas em até 70%. O orçamento do aparelho ainda está em R$2,2 mil, mas ele está estudando para otimizar o projeto e deixá-lo mais barato:
“Já tive contato com pessoas que desenvolvem tecnologia asiática – que está bem a nossa frente – e podemos fazer uso dessa tecnologia para reduzir o custo do equipamento para R$ 1,2 mil, mas o objetivo final é baratear para um salário mínimo”, contou.
Graças a sua brilhante ideia, Ciswal foi selecionado para estudar em Harvard, uma das mais conceituadas universidades do mundo, por um período mínimo de 18 meses. Como não queria ficar tanto tempo longe das filhas, escolheu estudar à distância, por aulas em videoconferência, das 23h às 2h no horário local. No entanto, viajará para os Estados Unidos a cada seis meses para fazer provas e outras avaliações.
Com os conhecimentos adquiridos nas aulas, Ciswal poderá otimizar seu projeto e, ao final delas, correr atrás de recursos públicos ou privados para tirar o projeto do papel, já que o regulamento da Universidade não permite que isso seja feito em paralelo às aulas. As expectativas são altas, já que muitos acreditam no potencial do professor.