Quem vê o quão bem-sucedido é o sistema de educação finlandês, não imagina que até o fim dos anos 1960 apenas 10% dos finlandeses completavam o ensino secundário.
O acesso à educação era bastante desigual, a maioria não tinha como pagar por escolas particulares e as escolas públicas não eram suficientes. O ensino superior então era quase um sonho – apenas 7% da população tinha um diploma universitário.
Ao perceber seu atraso e fracasso comparado a outras nações, a Finlândia percebeu que já era hora de mudar todo o seu sistema.
A partir da década de 1970, uma educação pública de qualidade passou a ser o maior foco para a criação de um futuro melhor.
O princípio da igualdade e inclusão social fez parte desse novo movimento, onde uma educação pública de qualidade passou a ser oferecida obrigatoriamente a todos os cidadãos, independente de sua situação socioeconômica.Isso significa que o filho do empresário e o filho do operário estudariam lado a lado agora.
A carreira do professor também foi valorizada. Além de lançar programas de excelência para o magistério nas universidades do país, também investiu-se nas condições de trabalho do profissional, dando a ele ampla autonomia nas decisões da escola e o pagando razoavelmente bem. Por causa disso, a profissão acabou se tornando uma das favoritas dos jovens finlandeses – até mais do que Medicina e Direito.
Nos anos 90, a Finlândia quis ouvir o que os diversos setores da sociedade tinha a dizer.
Reunindo professores, pais, políticos, dentre outros, novos paradigmas foram criados e a fórmula convencional de educação, aplicada no resto do mundo, foi rejeitada.A transformação que veio dessa revolução foi rápida – no final dos anos 90, a Finlândia já era líder mundial em matemática, ciências e interpretação.
E os cuidados para que uma criança se desenvolva bem começam desde antes de seu nascimento. Todos os recém-nascidos tem direito a um kit maternidade, que contém cerca de 50 itens básicos para o bebê, um presente que deseja proporcionar a todos um início de vida igual, independente da classe social.
As mães também têm direito a 105 dias úteis de licença maternidade, enquanto os pais recebem 54 dias úteis. Além disso, ambos podem dividir um período extra de 5 meses de licença, caso necessário. Isso significa que as crianças tem a oportunidade de receber a atenção completa dos pais em seus primeiros meses de vida.
Depois desse período, um dos pais pode optar por permanecer em casa com a criança, recebendo cerca de 450 euros por mês. Eles poderão retornar ao emprego que tinham até antes da criança completar 3 anos. A opção de voltar ao trabalho com carga horária reduzida, recebendo um subsídio parcial do Estado, também pode ser realizada.
Quando os pais decidem voltar ao trabalho, as crianças de 0 a 6 anos tem direito a uma creche em horário parcial ou integral. A taxa varia de acordo com a renda da família e famílias de baixa renda tem acesso gratuito. A partir dos 6 anos, quando a criança entra na pré-escola, seu ensino passa a ser público pelo resto da vida: até mesmo o ensino superior completo é gratuito.
Uma mudança importante no sistema educacional finlandês é a diminuição da carga horária na escola e menos tarefas de casa. Por lá, os alunos estudam cerca de 4 horas por dia e recebem menos lição de casa para fazer. De acordo com o sistema, o importante é a qualidade do tempo em sala de aula e não a quantidade. Eles também esperam que as crianças possam ter tempo livre para aproveitarem e serem crianças.
Com menos horas de aula, os professores também se beneficiam, tendo mais tempo para planejar as aulas e dar assistência aos alunos. Eles também não aplicam provas e testes regularmente, pois acreditam que esse tipo de avaliação estresse mais os alunos do que ensine. E isso já é uma realidade – apenas 7% dos estudantes finlandeses se sentem nervosos antes de um teste.
“A preocupação central da escola finlandesa não é atingir recordes de desempenho escolar, e sim ajudar a desenvolver aptidões de uma criança a fim de formar indivíduos capazes de viver vidas felizes, dentro e fora do trabalho” contou Sahlberg, conselheiro do Ministério da Educação finlandês nos anos 90.