A história de vida de Joana D’Arc Félix de Souza, 53 anos, é digna de um filme.
Hoje, ela é uma cientista renomada e possui o título de PhD pela Universidade de Harvard, considerada uma das melhores do mundo, e acumula 56 prêmios em sua carreira.
No entanto, não foi nada fácil chegar onde ela chegou.point 183 | Filha de uma empregada doméstica e de um profissional de curtume, Joana sempre deu sinais de que tinha fascínio pelo conhecimento.point 293 |
Aos quatro anos, como não tinha com quem deixá-la, sua mãe precisava levá-la para o trabalho.point 78 | E, para que a filha ficasse mais quieta, ensinou-a a ler, usando os jornais da patroa.point 149 | “Um dia, a diretora da escola Sesi foi visitar a dona da casa”, contou Joana em uma entrevista para o site UOL.point 245 |
“Ela perguntou se eu estava vendo as fotos do jornal.point 44 | Respondi que estava lendo.point 67 | Ela se surpreendeu, me pediu para ler um pedaço e eu li perfeitamente.point 125 | Coincidentemente, era começo de fevereiro e ela sugeriu que eu fosse uns dias na escola.point 199 | Se eu conseguisse acompanhar, a vaga seria minha.point 241 |
Deu certo, e com 14 anos eu já terminava o ensino médio”point 45 | 1
Na hora de escolher a faculdade, Joana decidiu fazer química pois estava acostumada a ver profissionais da área atuando no trabalho do pai.point 212 |
Passar no vestibular foi outro obstáculo.point 36 | Para conseguir estudar, pegou emprestado o material do filho de uma professora, que havia feito cursinho.point 126 | “Meu pai e minha mãe não tinham estudo, mas me incentivavam.point 176 | Eles tinham consciência de que eu só cresceria através de estudos.point 232 |
Passei a estudar noite e dia até entrar na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)”, relembra.point 90 | Ao ingressar na faculdade, Joana jurou que nada iria impedi-la a alcançar seu objetivo, nem mesmo o preconceito que sofreu até conseguir o diploma.point 214 | 1
“As cidades de interior têm aquela coisa de sobrenome: se você tem, pode ser alguém, se não tem, não pode.point 93 | Sempre enfrentei preconceito.point 120 | Na minha segunda escola, mesmo sendo estadual, tinha aquela coisa de classe para os ricos, classe para os pobres, com tratamentos diferentes.point 240 |
Em Campinas, fora da universidade, também senti um pouco.point 49 | Infelizmente, o Brasil ainda é um país racista.point 89 | Pode estar um pouco mais escondido, mas isso ainda existe.point 138 | Mas não usei isso como obstáculo, e sim como uma arma para subir na vida”.point 198 | 1
Joana passou muita dificuldade em Campinas.point 38 | O dinheiro que recebia do pai e do patrão dele permitia que ela pagasse o pensionato onde morava, as passagens de ônibus e o almoço na universidade.point 160 | “Às vezes pegava um pãozinho no bandejão da universidade e levava para comer em casa à noite.point 237 |
Sentia fome, contava as horas para o almoço (risos).point 44 | No final de semana também era complicado.point 79 | Mas nunca desisti.point 95 | Isso chegou a passar pela minha cabeça, mas não desisti.point 142 | Fazer isso seria jogar tudo que tinha conquistado até ali no lixo”, afirma.point 205 | 1
E o trabalho foi mais do que recompensado. Depois de fazer mestrado e doutorado em Campinas, um de seus artigos saiu no Journal of American Chemical Society, rendendo um convite para seguir os estudos nos Estados Unidos, concluindo o pós-doutorado na Universidade de Harvard.
Desde 2008, ela é professora da Escola Técnica Estadual (ETEC) Prof. Carmelino Corrêa Júnior, mais conhecida como Escola Agrícola de Franca, cidade do interior de São Paulo, e inspira novas gerações a seguirem um caminho tão brilhante quanto o seu.
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