A história de vida de Joana D’Arc Félix de Souza, 53 anos, é digna de um filme.
Hoje, ela é uma cientista renomada e possui o título de PhD pela Universidade de Harvard, considerada uma das melhores do mundo, e acumula 56 prêmios em sua carreira.
No entanto, não foi nada fácil chegar onde ela chegou.
Filha de uma empregada doméstica e de um profissional de curtume, Joana sempre deu sinais de que tinha fascínio pelo conhecimento.Aos quatro anos, como não tinha com quem deixá-la, sua mãe precisava levá-la para o trabalho.
E, para que a filha ficasse mais quieta, ensinou-a a ler, usando os jornais da patroa. “Um dia, a diretora da escola Sesi foi visitar a dona da casa”, contou Joana em uma entrevista para o site UOL.“Ela perguntou se eu estava vendo as fotos do jornal.
Respondi que estava lendo. Ela se surpreendeu, me pediu para ler um pedaço e eu li perfeitamente. Coincidentemente, era começo de fevereiro e ela sugeriu que eu fosse uns dias na escola. Se eu conseguisse acompanhar, a vaga seria minha.Deu certo, e com 14 anos eu já terminava o ensino médio”
Na hora de escolher a faculdade, Joana decidiu fazer química pois estava acostumada a ver profissionais da área atuando no trabalho do pai.
Passar no vestibular foi outro obstáculo.
Para conseguir estudar, pegou emprestado o material do filho de uma professora, que havia feito cursinho. “Meu pai e minha mãe não tinham estudo, mas me incentivavam. Eles tinham consciência de que eu só cresceria através de estudos.Passei a estudar noite e dia até entrar na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)”, relembra.
Ao ingressar na faculdade, Joana jurou que nada iria impedi-la a alcançar seu objetivo, nem mesmo o preconceito que sofreu até conseguir o diploma.“As cidades de interior têm aquela coisa de sobrenome: se você tem, pode ser alguém, se não tem, não pode.
Sempre enfrentei preconceito. Na minha segunda escola, mesmo sendo estadual, tinha aquela coisa de classe para os ricos, classe para os pobres, com tratamentos diferentes.Em Campinas, fora da universidade, também senti um pouco.
Infelizmente, o Brasil ainda é um país racista. Pode estar um pouco mais escondido, mas isso ainda existe. Mas não usei isso como obstáculo, e sim como uma arma para subir na vida”.Joana passou muita dificuldade em Campinas.
O dinheiro que recebia do pai e do patrão dele permitia que ela pagasse o pensionato onde morava, as passagens de ônibus e o almoço na universidade. “Às vezes pegava um pãozinho no bandejão da universidade e levava para comer em casa à noite.Sentia fome, contava as horas para o almoço (risos).
No final de semana também era complicado. Mas nunca desisti. Isso chegou a passar pela minha cabeça, mas não desisti. Fazer isso seria jogar tudo que tinha conquistado até ali no lixo”, afirma.E o trabalho foi mais do que recompensado. Depois de fazer mestrado e doutorado em Campinas, um de seus artigos saiu no Journal of American Chemical Society, rendendo um convite para seguir os estudos nos Estados Unidos, concluindo o pós-doutorado na Universidade de Harvard.
Desde 2008, ela é professora da Escola Técnica Estadual (ETEC) Prof. Carmelino Corrêa Júnior, mais conhecida como Escola Agrícola de Franca, cidade do interior de São Paulo, e inspira novas gerações a seguirem um caminho tão brilhante quanto o seu.
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