Notícia boa: esse artigo foi feito para quem não gosta de ler.
Sim. Exatamente o que você leu: para quem NÃO gosta de ler!
Esperamos que sirva como incentivo.
Além do mais, cada um dos livros abaixo é simples de ler, ou seja, não é muito longo, não possui uma linguagem muito difícil e – essa é a melhor parte – foi adaptado para o cinema!
Se joga! :)
1. A Hora da Estrela – Clarice Lispector
O escritor fictício Rodrigo S.
M. decide contar a vida da datilógrafa alagoana Macabéa, uma moça que em dado momento da vida junta as suas trouxas e escolhe tentar a sorte na cidade do Rio de Janeiro.A vida de Macabéa é muito simples e sem graça, e como ela é uma moça bastante sonhadora e ingênua, volta e meia é passada para trás pelas pessoas mais espertas da cidade grande.
A escrita de Clarice Lispector chama atenção pela forma extremamente intimista com que trata a personagem, e por vezes o leitor tem a impressão de estar dentro da protagonista.Clarice também retrata Macabéa de uma forma dura: a personagem é desengonçada, feia, pobre e seu destino é desanimador.
Quem compartilha de todas essas opiniões é o seu namorado, Olímpico de Jesus, um homem que não a admira e deixa isso bem claro.Uma das cenas mais clássicas do livro é a de Macabéa na cartomante, mas para acessá-la você precisará ler o livro! E eu já adianto: você não se arrependerá, pois A Hora da Estrela é uma leitura simplesmente inesquecível :)
2. Não Me Abandone Jamais – Kazuo Ishiguro
O livro são as memórias de Kathy H.
, uma ”cuidadora” de 31 anos cuja carreira está prestes a encerrar. No idílico internato inglês Hailsham, todos os alunos são clones com a única finalidade de servir de peças de reposição à sociedade.Assim que atingem a idade adulta e, depois de cumprido o período como cuidadores, todos os alunos do internato devem doar seus órgãos até ”concluir” (ou seja, morrer).
A beleza da narrativa de Kathy reside no fato de que, por ser um clone, ela possui uma voz extremamente ingênua e contida, então a revolta, a tristeza, a desilusão e a solidão é deixada mais a cargo do leitor que a cargo da narradora.O livro é carregado de uma poesia imensa, então se você estiver querendo alguma coisa bonita para ler, essa é uma ótima opção!
3. 1984 – George Orwell
Em Oceânia, dentro de uma sociedade totalitária inteiramente dominada pelo Estado, Winston vive sozinho e é atormentado à vigilância do Grande Irmão, a personificação de um poder cruel e cínico.
O Partido quer poder só pelo poder, e não por alguma ideologia específica.
Além disso, embora em 1984 tudo seja feito coletivamente, todo mundo vive sozinho. Ao se apaixonar, Winston passa a infringir diversas regras e a desafiar o sistema.Isso tem o seu preço.
Para quem ama um clássico, 1984 é um must-have!
4. A menina que roubava livros – Markus Zusak
Tendo como narradora a mais famosa das entidades do submundo, a Morte, A Menina Que Roubava Livros é um romance que conquistou o coração de milhões de leitores ao redor do mundo e lançou o escritor australiano Markus Zusak para o ”estrelato” literário.
O livro conta a história de Liesel Meminger, que encontra a Morte três vezes durante a Alemanha nazista.
A maior parte dos acontecimentos do livro se dá quando Liesel vai morar na casa de um casal de classe trabalhadora formado por Hans e Rosa Hubermann na rua Himmel, onde também a fome por leitura de Liesel aumenta consideravelmente.
5. O grande Gatsby – F. Scott Fitzgerald
Crítica direta ao ”sonho americano”, o romance se passa em Nova York, na cidade de Long Island, durante o verão de 1922.
”O Grande Gatsby” relata o caos da Primeira Guerra Mundial: a sociedade americana vivia em um nível sem precedentes de prosperidade na década de vinte, mas ao mesmo tempo havia uma moral vigente que não conseguia acompanhar essa prosperidade, pois havia uma ferrenha proibição ao consumo e produção de bebidas alcóolicas, o que aumentou o número de milionários e agitou o circuito de gângsters e crime organizado na venda dessas mercadorias.
O materialismo sem limites e a falta de moral da época incomodava Fitzgerald, que enxergava no circuito dos artistas e dos seus amigos uma certa decadência.
6. Capitães da Areia – Jorge Amado
Esse é um romance que retrata a vida de menores abandonados crescendo nas ruas da cidade de Salvador, vivendo como dá, vivendo em trapiche, roubando para sobreviver, morrendo de doença como cachorros.
Chamados de ”Capitães da Areia”, esses meninos são atrevidos, malandros, espertos, soltos de língua, carentes de afeto e cada um deles possui um talento particular.Uma coisa interessante no livro é que, antes de cada parte, vem uma sequência de pseudo-reportagens no Jornal da Tarde que caracterizam os ”Capitães da Areia”, opinando sobre suas malandragens.
7. Minha Vida de Menina – Helena Morley
Na decadência da mineração na cidade de Diamantina, em Minas Gerais, Helena reflete, em formato de diário, sobre a sua vida na fazenda e nos convida a refletir junto com ela sobre a adolescência, sobre as virtudes, sua a individualidade das pessoas, sobre a escravidão, sobre a liberdade, sobre o Brasil, etc.
Com muito bom humor e num tom extremamente debochado, ao ler ”Minha Vida De Menina” nós nos deparamos com uma narradora que está procurando sofregamente não perder uma infantil alegria de viver e reinventando o mundo à sua maneira.
8. Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis
Bem, você deve ler esse livro porque ele é o maior clássico da literatura realista de língua portuguesa. O defunto-autor, ou seja, um homem já morto mas que mesmo assim resolve escrever sua biografia, se chama Brás Cubas e nasceu numa família da típica elite carioca do século XIX. É nesse livro que Machado inicia com a famosa dedicatória: Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas.
A história não tem linearidade.
Através de uma seleção dos episódios mais relevantes, desde o seu nascimento até a sua morte, Brás Cubas vai contando a sua história sem sequência lógica. Tudo inicia pelo seu delírio e morte, depois o protagonista avança para o seu nascimento e vai alternando, sem qualquer critério lógico.Um ponto que eu destaco sobre o livro e que você deve levar em consideração é a alta dose de humor e o pessimismo presente na obra – ou seja, a acidez e a ironia, os ingredientes preferidos de Machado.
9.Triste fim de Policarpo Quaresma – Lima Barreto
O livro relata a história do Major Policarpo Quaresma nos primeiros anos após a Proclamação da República, mostrando o seu nacionalismo exagerado e ingênuo.
Policarpo Quaresma é cheio de nobreza, um anti-heroi queixotesco, um homem idealista – para alguns ele é até meio amalucado devido ao patriotismo exagerado, mas definitivamente tem bom coração.
O título do livro já diz qual será o fim dele: apesar das boas qualidades, o seu fim será ruim.Esse é um romance que nos ajuda a entender melhor sobre o Brasil, portanto muitas pessoas costumam chamar ”Triste Fim de…” de ”satírico”.
Há muitas análises possíveis para se fazer sobre esse romance e é difícil resumi-lo sem estragar a sua leitura, entregando valiosas informações acerca do seu enredo.
10. Lavoura Arcaica – Raduan Nassar
Essa é a história de André, jovem do meio rural que resolve abandonar a numerosa família do interior para morar em uma pequena cidade para fugir da rigidez moral do pai, da pequenez da vida do interior e da sua paixão incestuosa pela irmã Ana.
É com essa mudança de ares, que podemos acessar diferentes temporalidades e fragmentos de memórias de André, como os discursos de seu pai, de seu avó (que é árabe), a imagética bíblica que faz parte da moral da família, etc.
Esse é um romance complexo e cabeça, e o filme é quase tão bom quanto o livro.
Vídeo recomendado!
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